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segunda-feira, 18 de junho de 2012

O ARQUITETO DA COPA DE 1962

Na identidade, constava Manoel Francisco dos Santos. Um jovem que que gostava de caçar passarinhos, apelidado de Garrincha. Tinha uma perna maior que a outra cerca de 6 centímetros, pelas contas. O andar era meio estranho, mas com a bola aos pés a história era completamente diferente.


O homem aprontava desde a Copa de 1958; os ingleses se renderam diante dele na Copa de 1962, afirmando que ele não era deste mundo. E não era mesmo. Tido por anjo, demônio e craque, de acordo com o ponto de vista, os súditos de Sua Majestade apenas ratificaram que Mané Garrincha estava acima de qualquer um. Então, deveria ser um deus. O deus do drible.


O jornalista Nelson Rodrigues deu uma das melhores descrições parciais de um lance característico do atleta: "(...) primeiro, pulou por cima da bola. Fez que ia mas não foi. Pula para lá e para lá (...) lá estava a bola imóvel, impassível, submissa ao gênio" - e a esta altura o lance apresentava quatro possíveis finais: ou o marcador já estava com dois palmos de língua para fora, cansado de perseguir o Mané, ou havia desistido do lance, ou estava zonzo de tanto girar ou já estava sentado no chão depois de levar um "nó" nas pernas... isto, se fosse apenas um marcador, pois às vezes se juntavam dois ou três e ninguém conseguia marcá-lo! E a multidão, nas arquibancadas, quase tendo um troço!


Para os poetas e cronistas esportivos, era o "Anjo"; para os adversários, o "Demônio"; para as multidões, o "Craque". Em todos os casos, sempre "Das pernas tortas". Sim, e daí?  Quem não o conhecesse com a bola no pé não dava na por ele... e seria inapelavelmente vitimado pela finta de corpo sem bola, pela ginga, pelo drible sem dó nem piedade.


Garrincha permaneceu no Botafogo de 1953 até 1966. Nesse meio tempo, sagrou-se campeão carioca em 1957, 1961 e 1962; e atuou em três Copas do Mundo - foi campeão na Suécia em 1958 e bicampeão no Chile em 1962, além de ter defendido o Brasil na Inglaterra em 1966. Foram seus pincipais títulos. Falando em Copas, ele foi escolhido o melhor em sua posição em 1958, mas o grande nome da Copa na Suécia foi Pelé; em 1962, com Pelé "de molho", não houve outro nome senão Garrincha.

Garrincha foi considerado o mais habilidoso jogador que já existiu em todos os tempos sua capacidade de driblar e envolver seus adversários eram impressionante. Pelo Brasil perdeu apenas uma das 61 partidas que fez com a camisa da Seleção. Em 1998, foi escolhido para a seleção de todos os tempos da Fifa, em eleição que contou com votos de jornalistas do mundo inteiro.


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